Projetos de “modernização” e resistências populares (Adalton Marques)

A proposta deste grupo de trabalho consiste em acolher memórias e reabrir arquivos e bibliografias que tratam dos processos de aproveitamento econômico do Vale do Submédio São Francisco desde, pelo menos, a década de 1940, sem perder de vista as resistências populares que lhes fizeram frente. Há quatro objetivos centrais implicados nesta proposta: 1) explicitar o privilégio empresário-governamental à modernização latifundiária (mecanização, hiper-irrigação, agro exportação), às várias frentes de exploração de matrizes energéticas (hídrica, eólica, solar, mineral) e às redes de ilegalismos em torno das grilagens que foram abertas por esses processos; 2) construir minuciosas relações dos efeitos mortíferos disparados por esses investimentos; 3) evidenciar os modos pelos quais esses processos de modernização inviabilizam e, no limite, destroem comunidades cujas formas de vida conjuram o estrito aproveitamento econômico em suas relações ecológicas; e 4) compreender as múltiplas formas de resistência que essas comunidades articulam, seja para barrar esses processos, seja para adiá-los indeterminadamente, o que parece sempre implicar na reinvenção de seus próprios modos de existência. Entendemos que a formação de um acervo sobre essa temática poderá contribuir para apoiar as lutas contemporâneas de diversas comunidades que lidam com grandes empreendimentos energéticos similares aos que vêm se repetindo na região há pelo menos cinquenta anos, bem como para qualificar o debate público a respeito dos sentidos do desenvolvimento.

Produções relativas à oferta 2021-1

Artigo – A construção e as consequências da barragem de Sobradinho